Sobre a validade das coisas...
Ela acordou cedo, como em todas as outras manhãs daquele verão, só para ficar olhando seu amado dormir. Ficava ao seu lado ouvindo sua respiração, sorrindo boba, admirando aquele homem que em tão pouco tempo transformou sua vida num verdadeiro conto de fadas. E a cada minuto que passava, ela só pensava em agradecer aos céus por tão maravilhoso presente.
Resolveu então levantar e preparar um belo café da manhã para celebrar o início de mais um dia feliz. Desvencilhou-se dos braços dele e foi para a cozinha, mas logo se deu conta de que o açúcar havia acabado. Resmungou alguma coisa e apressadamente dirigiu-se até a porta, desceu correndo as escadas com medo de que ele despertasse antes do seu retorno.
Ela ia andando e, por mais que seu pensamento só estivesse nele, ela foi diminuindo os passos e reparando na beleza das coisas em volta, em tudo aquilo que sempre esteve alí, mas que ela só se deu conta depois que ele surgiu na vida dela. As crianças, as árvores, os pássaros, até mesmo o barulhento trânsito das avenidas no seu caminho, tudo parecia tão diferente naquela manhã, tão encantador.
Ela não havia percebido, mas era a sua felicidade que embelezava tudo aquilo para os seus olhos.
No mercado, pegou açúcar e mais um punhado de hortelãs para também fazer um chá. Na fila, enquanto esperava sua vez, ela lembrava dos monótonos dias que tinha passado sozinha e pensava na quantidade de planos que tinha naquele momento. A partir de agora, dias acompanhada.
Voltou ansiosa por rever aquele olhar que lhe disparava o coração, o sorriso que bastava para ela ganhar o dia e a boca que lhe contava os mais absurdos e impróprios desejos misturado as suas juras secretas de amor eterno.
Entrou em casa e deparou-se com ele sentado no sofá com uma mala ao seu lado. Não foi a mala que lhe chamou a atenção, mas a expressão de seu rosto. Ela já o tinha visto chateado com a derrota de seu time, enraivecido com um engraçadinho que a cantou numa festa, triste com a morte do cãozinho que ele tinham acabado de ganhar. Mas aquela cara ela nunca tinha visto. E, apesar disso, ela entendeu o que aquilo queria dizer.
Ele levantou-se, pegou-a pela mão e ela o abraçou. Foi lhe dando uma vontade de chorar, na verdade, ela queria mesmo era gritar e até tentou, mas não saiu nada. Então sorriu, tentava convencer-se que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, uma brincadeira dele.
Ele afastou seu corpo do dela e tentou explicar que a amava, mas que não podia ficar preso a ela. Eles eram jovens e tinham muito o que viver, eles deveriam se dar essa chance de conhecer o mundo lá fora antes de amarrar suas vidas a outro alguém. Ele falou em encontrar novas pessoas.
Mas ela não conseguia acreditar em tudo aquilo, só podia ser um sonho ruim, um pesadelo, ela não queria buscar outras pessoas, ela já tinha encontrado quem ela tanto procurava e não queria mais perdê-lo de vista, não podia admitir que ele saísse assim da sua vida.
Ela sentia como se o mundo estivesse desabando dentro dela e ela não podia fazer nada. Ela tentou explicar a ele que a idéia dele podia até fazer sentido, mas que eles dois já haviam se encontrado e que não importava mais o resto do mundo.
Lágrimas molharam-lhe o rosto, havia um nó em sua garganta, sentia-se impotente por vê-lo partindo tão repentinamente como quando chegou.
Ele repetiu que era necessário e que se fosse para dar certo, eles ficariam juntos mais tarde.
Beijou-lhe a testa, ergueu a mala e olhou em volta para que durante algumas semanas havia ganho novo ar, um certo ar de felicidade, virou-se e foi embora.
A porta ficou entreaberta e ela sentada no chão da sala, tentando entender tudo aquilo, tentando juntar os pedaços do seu mundo ou, ao menos, o que havia restado dele.
Passaram-se horas e ela permaneceu estendida no chão, ainda em choque, olhava em volta e não via mais nada de belo nem de mágico alí. Olhou para o calendário e sem muita importância notou que já era outono, estação em que as folhas antigas desprendem-se dos galhos para dar lugar a novas folhas, que mais tarde sempre vêm e embelezam tudo novamente.
E só tão mais tarde ela se daria conta de que ele não havia passado de um amor de verão com data de validade programada.
Resolveu então levantar e preparar um belo café da manhã para celebrar o início de mais um dia feliz. Desvencilhou-se dos braços dele e foi para a cozinha, mas logo se deu conta de que o açúcar havia acabado. Resmungou alguma coisa e apressadamente dirigiu-se até a porta, desceu correndo as escadas com medo de que ele despertasse antes do seu retorno.
Ela ia andando e, por mais que seu pensamento só estivesse nele, ela foi diminuindo os passos e reparando na beleza das coisas em volta, em tudo aquilo que sempre esteve alí, mas que ela só se deu conta depois que ele surgiu na vida dela. As crianças, as árvores, os pássaros, até mesmo o barulhento trânsito das avenidas no seu caminho, tudo parecia tão diferente naquela manhã, tão encantador.
Ela não havia percebido, mas era a sua felicidade que embelezava tudo aquilo para os seus olhos.
No mercado, pegou açúcar e mais um punhado de hortelãs para também fazer um chá. Na fila, enquanto esperava sua vez, ela lembrava dos monótonos dias que tinha passado sozinha e pensava na quantidade de planos que tinha naquele momento. A partir de agora, dias acompanhada.
Voltou ansiosa por rever aquele olhar que lhe disparava o coração, o sorriso que bastava para ela ganhar o dia e a boca que lhe contava os mais absurdos e impróprios desejos misturado as suas juras secretas de amor eterno.
Entrou em casa e deparou-se com ele sentado no sofá com uma mala ao seu lado. Não foi a mala que lhe chamou a atenção, mas a expressão de seu rosto. Ela já o tinha visto chateado com a derrota de seu time, enraivecido com um engraçadinho que a cantou numa festa, triste com a morte do cãozinho que ele tinham acabado de ganhar. Mas aquela cara ela nunca tinha visto. E, apesar disso, ela entendeu o que aquilo queria dizer.
Ele levantou-se, pegou-a pela mão e ela o abraçou. Foi lhe dando uma vontade de chorar, na verdade, ela queria mesmo era gritar e até tentou, mas não saiu nada. Então sorriu, tentava convencer-se que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, uma brincadeira dele.
Ele afastou seu corpo do dela e tentou explicar que a amava, mas que não podia ficar preso a ela. Eles eram jovens e tinham muito o que viver, eles deveriam se dar essa chance de conhecer o mundo lá fora antes de amarrar suas vidas a outro alguém. Ele falou em encontrar novas pessoas.
Mas ela não conseguia acreditar em tudo aquilo, só podia ser um sonho ruim, um pesadelo, ela não queria buscar outras pessoas, ela já tinha encontrado quem ela tanto procurava e não queria mais perdê-lo de vista, não podia admitir que ele saísse assim da sua vida.
Ela sentia como se o mundo estivesse desabando dentro dela e ela não podia fazer nada. Ela tentou explicar a ele que a idéia dele podia até fazer sentido, mas que eles dois já haviam se encontrado e que não importava mais o resto do mundo.
Lágrimas molharam-lhe o rosto, havia um nó em sua garganta, sentia-se impotente por vê-lo partindo tão repentinamente como quando chegou.
Ele repetiu que era necessário e que se fosse para dar certo, eles ficariam juntos mais tarde.
Beijou-lhe a testa, ergueu a mala e olhou em volta para que durante algumas semanas havia ganho novo ar, um certo ar de felicidade, virou-se e foi embora.
A porta ficou entreaberta e ela sentada no chão da sala, tentando entender tudo aquilo, tentando juntar os pedaços do seu mundo ou, ao menos, o que havia restado dele.
Passaram-se horas e ela permaneceu estendida no chão, ainda em choque, olhava em volta e não via mais nada de belo nem de mágico alí. Olhou para o calendário e sem muita importância notou que já era outono, estação em que as folhas antigas desprendem-se dos galhos para dar lugar a novas folhas, que mais tarde sempre vêm e embelezam tudo novamente.
E só tão mais tarde ela se daria conta de que ele não havia passado de um amor de verão com data de validade programada.