Paris em pedaços.
Hoje resolvi escrever e não tenho nada específico a contar, nem um verso pra escrever, menos ainda uma historinha inventada entre uma aula chata e outra.
A verdade é que não me livrei do velho hábito de escrever uma hora ou duas do dia de algum desconhecido que anda por esse mundo, mas estas coisas ficam sempre jogadas por onde passo e acabam esquecidas.

Há dois dias fui ver "Paris, je t'aime". Sozinha, por acaso, lá estou eu, numa sessão no meio da tarde, no meio da semana, no meio de uns dez ou doze estranhos, num cinema bem conhecido.
Caramba!
é incrível minha capacidade de subestimar os curtas. esse vício de querer um contexto, explicações e resoluções pra vida de cada um. mas não é que, na maior parte das vezes, nem noto a ausência dessas coisas todas.
foram dezoito histórias, algumas tinham curtos diálogos deliciosos, outras no máximo uma dúzia de palavras, e se não estou enganada, uma delas não tinha som algum, além dos efeitos e da trilha sonora devidamente assustadora. (é, era um conto vampiresco.)
Ainda sobre o filme...
historinhas lindas e de abordagens tão diferentes que é complicado eleger a melhor.
algumas realmente marcantes como a terceira história,
Les Marais: um cara conhece outro, por acaso, e sente imensa necessidade de falar com ele. um magnetismo inexplicável. o outro fica totalmente apático, enquanto as declarações mais lindas são ditas pelo francês, que se vai, mas deixa seu número.
você fica passado com a reação do rapaz que ouviu tudo aquilo, mas não expressou nada.
só depois que se descobre que ele não entendia bem francês...aaaah, que raiva!
pra mim ficou a dúvida se ele seguiria conselho do dono da loja e ligaria pro francês. Que nem em "Antes do Amanhecer", se eles se encontrarão seis meses depois.
Tem também outra fantástica,
Place de Fêtes: nesta conseguem a proeza de explicar em cinco minutos toda a situação inicial, como e por que o rapaz foi baleado e o envolvimento dos personagens que, aparentemente, se conheceram naquele instante. =~~
O último curta, definido por muitos como o melhor,
14ème Arrondissement: depois de ouvir quase tudo em francês, neste a língua é muito mal pronunciada e logo nota-se que é a leitura de uma redação. É a história de Carol, carteira em Denver, mora apenas com os cães e decidiu que conheceria Paris, entrou no curso de francês e juntou dinheiro para realizar o sonho.
à princípio, parece bem cômico quando ela conta os 'aperreios' que passa numa cidade estranha, mas depois... você começa a perceber a solidão dela e como ela consegue se dizer alguém feliz. é, porque eu não acreditei muito não, maas... (tá, ando meio cruel esses dias...releve.)
Ela fala de uma coisa muito, muito, muito interessante, um sentimento que eu já senti e que foi bom ver descrito assim de maneira tão suave.
da saudade que você sente de algo que não viveu ou que, ao menos, esperava.
[...]
Há outras histórias fascinantes também como a do garoto que apaixona-se por uma jovem muçulmana, que lhe explica sobre a verdadeira beleza.
Do homem de meia-idade que vai terminar o casamento infeliz e descobre que a esposa está com leucemia, decide dedicar-se a ela nos seus últimos dias e de tanto fingir-se de apaixonado, acaba apaixonando-se novamente por ela.
A do garotinho que conta como seus pais se conheceram, um casal de mímicos que tornam tudo mais alegre com um simples passar de mão no rosto.
O casal que vai conhecer um importante cemitério e ela começa a reclamar da falta de senso de humor dele e termina tudo. Mas com a ajuda de Oscar Wilde, tudo acaba bem.
Aaaaah, outra sensacional é a do cego que se apaixona pela atriz.
uma doçura!
Tem outras mais, mas essas foram as principais pra mim.
Eu fiquei pensando sobre o conto do casal que não deu certo porque um não entendi a língua do outro. Especificamente, pensei sobre o magnetismo que um sentiu pelo outro.
Às vezes, eu tenho dessas coisas de bater o olho em alguém e achar que tenho que falar, conhecer, saber algo. na maior parte das vezes deu certo.
Eram realmente pessoas importantes ou que trouxeram algo de bom pra minha vida.
Tá que eu acredito que 'quando uma coisa é pra acontecer, ela em algum momento acontece', mas... existem esses sinais.
eu, por exemplo, até hoje agradeço por um sinal que tive atravessando uma grande avenida da cidade, avistei um garoto e quis saber algo dele. (até hoje não entendo o porquê e até me sinto meio idiota, mas e se eu não tivesse feito?)
Enfim... depois trago algo de mais útil pra cá, por hora, isto era só o que me afligia. =P
A verdade é que não me livrei do velho hábito de escrever uma hora ou duas do dia de algum desconhecido que anda por esse mundo, mas estas coisas ficam sempre jogadas por onde passo e acabam esquecidas.

Há dois dias fui ver "Paris, je t'aime". Sozinha, por acaso, lá estou eu, numa sessão no meio da tarde, no meio da semana, no meio de uns dez ou doze estranhos, num cinema bem conhecido.
Caramba!
é incrível minha capacidade de subestimar os curtas. esse vício de querer um contexto, explicações e resoluções pra vida de cada um. mas não é que, na maior parte das vezes, nem noto a ausência dessas coisas todas.
foram dezoito histórias, algumas tinham curtos diálogos deliciosos, outras no máximo uma dúzia de palavras, e se não estou enganada, uma delas não tinha som algum, além dos efeitos e da trilha sonora devidamente assustadora. (é, era um conto vampiresco.)
Ainda sobre o filme...
historinhas lindas e de abordagens tão diferentes que é complicado eleger a melhor.
algumas realmente marcantes como a terceira história,
Les Marais: um cara conhece outro, por acaso, e sente imensa necessidade de falar com ele. um magnetismo inexplicável. o outro fica totalmente apático, enquanto as declarações mais lindas são ditas pelo francês, que se vai, mas deixa seu número.
você fica passado com a reação do rapaz que ouviu tudo aquilo, mas não expressou nada.
só depois que se descobre que ele não entendia bem francês...aaaah, que raiva!
pra mim ficou a dúvida se ele seguiria conselho do dono da loja e ligaria pro francês. Que nem em "Antes do Amanhecer", se eles se encontrarão seis meses depois.
Tem também outra fantástica,
Place de Fêtes: nesta conseguem a proeza de explicar em cinco minutos toda a situação inicial, como e por que o rapaz foi baleado e o envolvimento dos personagens que, aparentemente, se conheceram naquele instante. =~~
O último curta, definido por muitos como o melhor,
14ème Arrondissement: depois de ouvir quase tudo em francês, neste a língua é muito mal pronunciada e logo nota-se que é a leitura de uma redação. É a história de Carol, carteira em Denver, mora apenas com os cães e decidiu que conheceria Paris, entrou no curso de francês e juntou dinheiro para realizar o sonho.
à princípio, parece bem cômico quando ela conta os 'aperreios' que passa numa cidade estranha, mas depois... você começa a perceber a solidão dela e como ela consegue se dizer alguém feliz. é, porque eu não acreditei muito não, maas... (tá, ando meio cruel esses dias...releve.)
Ela fala de uma coisa muito, muito, muito interessante, um sentimento que eu já senti e que foi bom ver descrito assim de maneira tão suave.
da saudade que você sente de algo que não viveu ou que, ao menos, esperava.
[...]
Há outras histórias fascinantes também como a do garoto que apaixona-se por uma jovem muçulmana, que lhe explica sobre a verdadeira beleza.
Do homem de meia-idade que vai terminar o casamento infeliz e descobre que a esposa está com leucemia, decide dedicar-se a ela nos seus últimos dias e de tanto fingir-se de apaixonado, acaba apaixonando-se novamente por ela.
A do garotinho que conta como seus pais se conheceram, um casal de mímicos que tornam tudo mais alegre com um simples passar de mão no rosto.
O casal que vai conhecer um importante cemitério e ela começa a reclamar da falta de senso de humor dele e termina tudo. Mas com a ajuda de Oscar Wilde, tudo acaba bem.
Aaaaah, outra sensacional é a do cego que se apaixona pela atriz.
uma doçura!
Tem outras mais, mas essas foram as principais pra mim.
Eu fiquei pensando sobre o conto do casal que não deu certo porque um não entendi a língua do outro. Especificamente, pensei sobre o magnetismo que um sentiu pelo outro.
Às vezes, eu tenho dessas coisas de bater o olho em alguém e achar que tenho que falar, conhecer, saber algo. na maior parte das vezes deu certo.
Eram realmente pessoas importantes ou que trouxeram algo de bom pra minha vida.
Tá que eu acredito que 'quando uma coisa é pra acontecer, ela em algum momento acontece', mas... existem esses sinais.
eu, por exemplo, até hoje agradeço por um sinal que tive atravessando uma grande avenida da cidade, avistei um garoto e quis saber algo dele. (até hoje não entendo o porquê e até me sinto meio idiota, mas e se eu não tivesse feito?)
Enfim... depois trago algo de mais útil pra cá, por hora, isto era só o que me afligia. =P