quarta-feira, março 25, 2009

"Quando eu te vi andava tão desprevenido que nem ouvi tocar o alarme de perigo..."

Dois minutos. Dois telefonemas. Duas vidas.
Ela já estava cansada de procurar e numa manhã qualquer (muito provavelmente por conta do acaso), ela atendeu o telefone sem saber que aqueles minutos definiriam os seus pensamentos pelos próximos dias.
Claro que ela não reconheceu a voz do outro lado da linha, mas a chamada era para aquele número mesmo, no entanto, por alguma abençoada força do destino, a pessoa procurada não poderia atender naquele momento e a garota pôde ter mais alguns segundos explicando o desencontro da chamada ao rapaz.
Silêncios estranhos, vozes adocicadas. Eles eram desconhecidos, mas aquela ligação tinha um som diferente. Ela quis continuar na linha, mesmo sem ter um assunto para conversar ou intimidade para isso. Desligaram. Ela voltou para o filme que assistia antes do telefone tocar, mas não conseguia de fato "voltar" para a história e passou os minutos seguintes pensando no rapaz de voz mansa. Odiou-se por não ter conseguido criar uma forma de prendê-lo por mais alguns segundos.
Então, seus pensamentos de decepção foram cortados pelo toque do telefone e, sem pensar muito, ela correu sorrindo para o cômodo ao lado, torcendo para que fosse ele, apenas para dizer-lhe um "Olá" novamente e sentir se tinha mesmo algo de diferente naquela situação. Ao levantar o gancho, teve certeza, era ele!
Continuava sem saber o que dizer para prolongar aquele momento, a negativa quanto a pessoa que ele procurava falar continuava, mas ela não queria desligar, não daquela forma... tinha que ter algo mais, aqueles estranhos silêncios entre eles tinham algo a dizer, ela só não conseguia decifrá-los.
Foi isso, sorrisinhos contidos e pausas que queriam dizer mais que as próprias palavras trocadas. Existia algo ali, mas ela não compreendia o que era.
Conhecia o subtítulo de Closer ("If you believe in love at first sight, you never stop looking") e acreditava em relações construídas à primeira vista, por isso, ela mesma nunca parava de olhar... mas aquilo era novo, ela não o viu, não sabia do seu sorriso, nem do seu olhar, mas desconfiou de algo que tinha ficado no ar. Na segunda ligação, apesar da simpatia, ficou claro que ele não ligaria novamente e ela ficou mais algum tempo pensando se era imaginação dela ou o desencontro dele havia possibilitado o encontro do dois.