quarta-feira, março 24, 2010

"Why do you come here when you know it makes things hard for me?"

eu queria tanto conseguir descrever a cena da forma que apareceu no meu vislumbre, mas sempre ficarão faltando elementos que somente o carinho que eu tenho pela história é capaz de preencher.


Mas então estava terminando mais um exaustivo dia daquele em que tudo que você mais quer é encontrar um pouco de paz e conforto pra que quando a noite chegue, você possa simplesmente contemplar o céu e todas as estrelas em volta da lua. O sol ainda não tinha se posto, o que para muitos podia dizer que o calor incômodo perduraria por mais algumas horas, mas para ela significava apenas que o dia não tinha acabado e ainda haviam chances. Então, despreocupadamente, uma moça quase igual às outras moças que andam pelas calçadas daquela grande avenida atravessa, quase saltitando sobre a faixa de pedestres, adentrou a charmosa loja de aroma gostoso. Ah, o cheiro da canela se misturando ao das tortas saídas do forno e ao café feito na hora.

Só isso seria o bastante para justificar o sorriso que ela estampou no rosto ao passar pela porta. Foi direto ao balcão, fez o pedido de sempre e caminhou até uma das confortáveis poltronas. Mas a sua tranquilidade parecia abalada por um detalhe. Faltava algo e seu olhar denunciava. Tentou distrair-se com uma brincadeira que fazia quando era criança. Pegou a xícara de capuccino ainda fumegante e suspendeu-a no ar para ver embaçar a imagem do outro lado da sala pela fumacinha saindo da bebida quente. Então, apareceu a figura dele ao lado da estante de livros de viagens, exatamente, no ângulo para o qual ela direcionava o olhar que atravessava o fumegar da xícara.

Ele segurava um livro aberto nas mãos e conversava com outra pessoa, quando olhou na direção dela e, ao percebê-la, a encarou fixamente. Ela olhou timidamente de volta, mas não conseguiu fixar o flerte por muito tempo sem abrir um largo sorriso em direção a ele. Sem graça, fitou o chão tentando se esconder após tamanha denúncia feita com aquele sorriso tão rapidamente enviado. Tentou reestabelecer os olhares e ao cruzarem-se, aconteceu como um estalo, uma sensação boa, como quem encontra abrigo após um dia de tempestade e agora já podia descansar em segurança. Ela lhe deu outro sorriso tímido, mas compatível com o olhar que ele lhe lançava. Um olhar discreto, mas que atravessava a alma dela e que compreendia exatamente o que queria dizer aquele sorriso de menina acompanhado do olhar de quem não hesitava quando o assunto era ele. Assim acontecia o encontro que faltava para completar o dia.

O encontro de olhares que agora, enfim, fazia com que aqueles dois pudessem encontrar a paz desconhecida pelos corações aflitos dos poetas tão reprimidos pela recusas de suas musas.

segunda-feira, março 22, 2010

"Don't get me wrong if I'm acting so distracted. I'm thinking about the fireworks that go off when you smile."

Mas sabe aqueles dias que parecem ter tudo?

Tem a chuva da manhã cedinho que te faz não ter vontade de levantar da cama, de ligar pro chefe e inventar uma desculpa qualquer só pra poder ficar deitado mais algum tempo embaixo das cobertas aproveitando o vento frio que entra pela janela. Tem o sol depois te lembrando que a semana ainda está no começo e ainda há muito a fazer e que, pra seguir em frente, é preciso força pra perceber que a estrada vai muito além do que se vê. Têm boas conversas e também ótimas lembranças que te fazem recordar que algumas pessoas simplesmente valem muito a pena e tê-las por perto já é um maravilhoso presente da vida.

Mesmo nesses dias que parecem ter tudo, ainda falta algo.