quarta-feira, julho 02, 2008

"Wind i my hair I feel part of everywhere..."

Já faz um tempo que eu me questiono sobre o meu lugar. Talvez, a versatilidade ou flexibilidade que desenvolvi por todos esses anos para satisfazer a vontade de todos à minha volta, tenha me dado essa fome de mundo, de conhecer mais, de ver até onde eu posso ir.
A vista alcança longe e é longe que eu me projeto, tentando controlar os impulsos com alguma racionalidade, mas sem perder a medida da paixão que causa tanta vontade.
Eu não me sinto em casa aqui, na verdade, não me senti confortável em lugar algum ainda. Eu sei que conseguirei encontrar o que busco se não deixar nada atrapalhar meus sonhos, mas, às vezes, temo que a minha cautela atrase algum caminho. A hora é de aprender quando acelerar e quando frear.


Sabe a sensação de descobrir, ao acaso, uma raridade no Universo?
E quando essa descoberta é, na verdade, uma pessoa?
A identificação, o modo como a descrição do universo dela parece exatamente igual à do seu.
Ontem eu descobri alguém assim. que fez o maior sentido pra mim e pros meus ideais.
Eu não peguei na mão desta pessoa, não sei que tipo de energia ela passaria numa conversa, mas até posso imaginar. Este homem não me conheceu e eu só tomei conhecimento de suas fantásticas idéias ontem, quase cinco anos após sua morte.
Eu poderia contar sobre as suas diversas inovações políticas e sociológicas, apesar dele não atuar academicamente nesta área, poderia falar da sua admirável humanidade, da maneira de enxergar a coletividade abstraindo as diferenças étnicas ou sociais e tantas outras coisas.
Sobre E. Said há muito do que se falar, mas o que realmente chamou minha atenção em tudo que li dele (e sobre ele) foi, nas entrelinhas, o seu sentimento de não fazer parte de lugar algum, de nunca se sentir em casa.
Esse sentimento eu divido com o senhor que lutava pela coexistência das diferenças sem confronto, mas com tolerância. A defesa que ele faz da Palestina, melhor, do Oriente tantas vezes subestimado e mal representado pelas forças hegemônicas do Ocidente, é tão importante, tão fundamental, porque a gente parece que não consegue ver além do véu que encobre o verdadeiro Oriente, só enxergamos o que foi construido pela visão ocidental e teimamos em julgar tudo a partir dessa percepção.
Eu realmente poderia dizer muito sobre este árabe de alma dividida em tantas partes do mundo, mas o que me instiga mesmo é essa noção de ser estrangeiro onde quer que esteja e a saudade, a vontade de voltar para uma'casa' que nunca existiu.
Provavelmente, ele partiu sem um lugar para chamar de 'seu', ao mesmo tempo que pertencia a toda parte deste mundo. para pessoas assim, limitar é algo totalmente arbitrário e sem sentido.

Diferente dele, eu acredito que vou encontrar o meu lugar. É provável que demore um pouco, mas tudo tem seu tempo de acontecer e apesar da pressa de viver, existem alicerces que precisam ser completados para que os sonhos não desmoronem quando tornarem-se realidade.

sim, eu tenho imenso fascínio pelo mundo árabe/muçulmano mesmo.

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